terra, mãe, matriz
já não sei os carreiros
os silvados
as hortas
perdi os ninhos dos pássaros
os bandos voláteis
os trinados
esqueci a canícula
o frio gélido
a chuva agreste
olvidei os cantares genuinos
o labor dos braços
a crueza da faina
só não deixei de te amar
terra
mãe
matriz
e apetece-me tanto
sentir o cheiro a feno
que sobra
quando as trovoadas
de agosto ribombam
ferindo o espaço
e os feixes felinos
dos relâmpagos faiscantes
desenham no céu pardo
aguarelas abstractas
que amedrontam
e espantam
Em Abr.2010, pelas 22h15
Imagem: Google
sinto-me: feliz e grato