Claro sol e tanta aurora...
Escondo-me nas palavras como se amassase pão, como se colhesse flores, como se plantasse espantalhos na cercadura da seara, como se esperasse um dia novo amanhã!
Doiem-me os teus olhos que não tenho, as tuas mãos que foram embora, o teu sorriso como construção do sonho, o teu afago, ternurento, como arco-íris dos sentimentos indefinidos! À míngua de ti invento até a dor, a saudade, a angústia, cedendo à pressa de te ter de novo para regenerar as horas e semear os dias de cores simplesmente vivas.
O mar das remotas imagens balança numa maré alta por dentro de mim. E a praia tem estranhas nuances quando a tua ausência se faz presente. Esqueço-me do que me rodeia! Vivo a dor como se fora verdadeira e aplaco-a somente quando na hora do sono adormeço ao som da tua voz que me fala suave e macia na textura da almofada. Adormeço feliz e espanto a dor como se fora miragem, para viver apenas aquele momento nosso - que tu estás mesmo não estando!
E assim liberto enxergo longe o que está por dentro de mim:
- Um claro sol e tanta aurora...
by Paulo César, em 20.Out.2009, pelas 20h00