Terça-feira , 20 de Outubro DE 2009

Claro sol e tanta aurora...

 

Escondo-me nas palavras como se amassase pão,

como se colhesse flores,

como se plantasse espantalhos

na cercadura da seara,

como se esperasse um dia novo

amanhã!

 

Doiem-me os teus olhos que não tenho,

as tuas mãos que foram embora,

o teu sorriso como construção do sonho,

o teu afago, ternurento, como arco-íris

dos sentimentos indefinidos!

 

À míngua de ti

invento até a dor,

a saudade,

a angústia,

cedendo à pressa de te ter de novo

para regenerar as horas

e semear os dias

de cores simplesmente

vivas.

 

O mar das remotas imagens

balança numa maré alta

por dentro de mim.

E a praia tem estranhas nuances

quando a tua ausência

se faz presente.

 

Esqueço-me do que me rodeia!

Vivo a dor como se fora verdadeira

e aplaco-a somente quando

na hora do sono

adormeço ao som da tua voz

que me fala suave e macia

na textura da almofada.

 

Adormeço feliz

e espanto a dor

como se fora miragem,

para viver apenas aquele momento

nosso

- que tu estás mesmo não estando!

 

E assim liberto enxergo longe

o que está por dentro de mim:

- Um claro sol e tanta aurora...

 

 

by Paulo César, em 20.Out.2009, pelas 20h00

 

 

sinto-me:
publicado por d'CD - da Clara Dias às 20:12
Sexta-feira , 02 de Outubro DE 2009

Poema para a Terra calada

 

Estendo os braços

e o mar à minha frente

tem cambiantes de loiro

e verde e castanho,

ondeando na planície

de malmequeres e papoilas,

onde as borboletas voejam

tontas

e o passaredo volteia

desenhando, no céu largo,

caminhos sem retorno.

 

Sobem odores do fundo

da terra

e descem à terra madre

sementes de futuro,

impregnados de vida,

que o sol chamará à luz,

depois que a noite adormecer

nos braços do orvalho

matinal.

 

Tanta vida silenciosa

assombra o meu olhar absorto!

Sorvo dum trago o horizonte

e de braços caídos

enlaço a vastidão de lés a lés,

embrenhando-me até aos ossos

na imensidão!

 

Um grilo canta,

uma rã coacha,

um pardal trina,

um galo cacareja,

uma ovelha bale,

um burro zurra,

um gato mia,

um cão ladra

e a terra pacata,

vivaz no seu sossego

manso,
escuta a algazarra

e redonda,

absoluta,
magestosa,

gera no seu seio de mulher

possuida

a vida que nos alimentará

até à comoção,

como se o poema

fosse o ponto de partida

para a aventura

da gratidão!

 

E se palavras forem precisas para dizer

obrigado

inventemos outra forma de o afirmar

para que cada sílaba seja

um hino, uma ode, um labéu

que cante a eterna canção dos filhos

da senhora sua mãe:


A Terra calada!

 


by Paulo César, em 22.Set.2009, pelas 22h30

 

sinto-me: inquieto
publicado por d'CD - da Clara Dias às 18:35

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